Continuação da entrevista... (parte final)
- De onde surgiu essa "mania de falar" com os misters antes dos jogos?
Estava à procura de manter uma rubrica permanente de antevisão de cada jogo e não queria entrar na banalidade da lista de convocados, o árbitro, a putativa táctica...e então em Setembro de 2010 lembrei-me de ter uma conversa de café com o treinador (na altura André Villas-Boas), um monólogo informal como quem atira o barro à parede e espera ser ouvido. Uns saem melhores que outros, como em todos os posts, mas ao menos é diferente.
- Para os leitores mais novos... quem foi o Baroni?
Boa pergunta. Ronald Baroni (ver estatísticas aqui:
http://www.zerozero.pt/jogador.php?id=30316&epoca_id=0) foi um avançado peruano que chegou ao FC Porto pelas mãos de um dos melhores treinadores que vi à frente do nosso clube, Bobby Robson, que juntava a garra e a vocação ofensiva à quase total incapacidade de apontar bons jogadores para serem contratados pelo clube. Houve falhanços geniais chamados N'tsunda, Zwane, Mogrovejo, Diaz, Walter Paz...entre vários outros, um dos quais este mesmo Baroni. Foi um dos piores avançados que vi a jogar pelo FC Porto (e olha que eu sou do tempo do Vinha e do Paulinho César!) e usei-o para aliterar com Baía, um dos meus heróis de sempre, futebolisticamente falando.
- Com quantos livros está recheada a estante que ainda não foi dada a conhecer?
Ora bem, até agora foram publicados oito livros mas a estante ainda tem mais alguns e vai sendo actualizada à medida que vou comprando mais livros ou se me oferecerem algum. Sim, estou sempre receptivo a prendas em forma literária! De qualquer forma, neste momento há mais quatro livros que podiam dar origem a outros tantos artigos, mas ainda tenho de os ler para ver se valem a pena ou não...e há tanto que ler para lá de futebol...
- Porque esse interesse por livros de futebol?
Por duas razões: primeiro porque o futebol, pela história que tem e influência que exerceu na evolução do mundo moderno, tem tantas histórias que podem e devem ser contadas que se torna muito interessante perceber até que ponto essa influência se faz notar no mundo; em segundo lugar porque estou continuamente a tentar aprender com quem sabe mais do que eu, especialmente sobre temas que me interessam como o futebol tanto na vertente competitiva como também na sociológica. Gosto de ler e em termos de livros não ficcionados, é das minhas áreas preferidas.
- Gostaria de um dia estar sentado na cadeira de sonho? ou não seria de sonho? teria rodas também?
Ah! Esse sonho! É claro que sim, porra, que portista não gostaria de ser treinador do FC Porto?! Não é sempre o primeiro clube com que se arranca uma nova versão do FM?! E também posso dizer que nesse mundo hipotético, se surgisse uma proposta que fosse boa para mim e para o clube, muito provavelmente faria o mesmo que Villas-Boas. Porque sou humano, olha que coisa. Não quer dizer que tenha concordado com a forma como o André saiu, até porque me decepcionou bastante na maneira como conduziu o processo, mas recuso-me a ficar chateado com um homem que durante um ano andei a aplaudir e a defender e que me deu tantas alegrias. É assim que sou, não consigo agir de outra forma.
- Até onde acha que o Porto vai na Champions?
Há uma diferença grande entre onde acho que o FCP vai e até onde penso que tem capacidade para chegar. Pelo primeiro prisma, diria que passa a fase de grupos com dificuldade. Pelo segundo, acho que pode chegar um bocadinho mais longe. Mas o pequeno demónio aqui em cima do ombro diz-me que até a primeira hipótese vai ser complicada. O grupo é duro, prevejo luta renhida para os primeiros três lugares...mas como vimos no ano passado, os APOELs desta Europa são vários e estão por aí à espreita.
- Acha possível ganhar a Champions nos próximos 5 anos?
Já cá ando há uns anitos e já vi muitas edições da Champions e do FC Porto na Champions, e ainda não consigo ver maturidade na nossa equipa para se assumir como candidato a nenhum troféu europeu. Vi essa maturidade a meio da época de 2010/2011, vi-a claramente a meio de 2002/2003 mas até em 2003/2004, com a mesma equipa de Mourinho, temi que não conseguíssemos chegar tão longe. Mas eu sou consistentemente pessimista na avaliação dos nossos valores (sou daqueles que quando faltam 4 minutos e estamos a ganhar 3-0, peço para não sofrermos um golo senão a equipa abana toda), por isso é possível que consigamos chegar longe na Champions. E também é possível ver um ou dois esquadrões de porcos a bombardear Santarém. Nunca se sabe o que o futuro nos reserva.
- O que pensa de Vitor Pereira?
Não tenho muito a acrescentar ao que disse no balanço da época passada e que não vale a pena repetir, por isso deixo o link:
http://www.porta19.com/2012/05/baias-baronis-20112012-treinador/. Ainda assim, creio que Vitor terá melhorado um pouco em relação ao ano passado, no que diz respeito à forma de gerir os jogadores, ao raciocínio das substituições e à audácia estrutural da equipa. Temo que leve este último tópico a extremos que possam prejudicar as equipas.
Acredito que chegue ao final da época como campeão de novo. Só posso acreditar nisso senão a vontade de escrever perde-se, a vontade de ir ao estádio apoiar a minha equipa desvanece, desaparece, definha. Não posso e acho que nenhum portista pode pensar que temos um mau treinador. Podemos ter um treinador que não tem a mesma capacidade para lidar com os media como Mourinho, com menos facilidades em gerir expectativas como Villas-Boas, sem a fibra de Robson ou a pedagogia de Jesualdo. Mas temos um homem honesto ao leme e quero acreditar que vai conseguir derrotar os derrotistas. E derrotar, acima de tudo, os adversários de forma a que o caneco fique por cá. E lá estarei a aplaudir quando isso acontecer, sem que entretanto deixe de criticar e elogiar o que sinto que devo.
Olá amigos!
Estive quase... quase a "ralhar" convosco.
Vocês prometeram muito no princípio e depois começaram a plissar.
Eu apostei em vós e publicitei o blogue por onde pude, mas "isso" andava um bocado triste.
Sinceramente gostei da ideia da entrevista. São precisas ideias novas. Para velho já basto eu.
Abraço